A AZENHA DAS PESQUEIRAS

Azenha das Pesqueiras, fotografia de Jaime Pereira

Esta azenha é propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo que a recebeu, por doação, do benemérito Padre Luís Faria, aquando do seu falecimento. Também é conhecida por azenha do Padre Luís ou do Bernardino, nome de um dos últimos moleiros.

Nesta azenha só funcionou um conjunto de mós, do qual ainda se vê, no interior, o pé da mó, servido pelo açude adjacente, que se encontra do lado sul. A tração era feita com uma roda de penas.
Foram aqui moleiros, Custódio José Teixeira (bisavô), Manuel José Teixeira (avô), Bernardino José Teixeira (marido), e por último Maria Lucinda Freitas e Silva (Lucinda “Moleira”) que, em 1966, fechou pela última vez a porta desta azenha.

Lucinda “Moleira”, fotografia de Manuel Delfim, 1992

Turbina para produção eléctrica
No interior desta azenha houve, em tempos, uma particularidade que se crê única em todo o vale do Neiva: a existência de uma turbina para produção de energia eléctrica a partir da força da água. Tal equipamento, foi invenção do Padre Luís Faria – proprietário da azenha – que por volta de 1915 aqui a instalou, levando electricidade para a sua casa a cerca de 600 metros a norte daqui, nos terrenos onde hoje se encontra o Convento Passionista, em Barroselas.

Ponte de Lourido
Ao lado desta azenha, a ligar as duas margens, entre as freguesias de Barroselas e Durrães, e também entre os concelhos de Viana do Castelo e Barcelos, encontra-se a Ponte de Lourido, cuja construção e custo foram assumidos pelo pai do Padre Luís Faria, antes referido. Esta ponte faz passagem sobre uma pequena ilhota, conhecida nesta região por “Ínsua”.
in “Rio Neiva – Rodas d’água e agro-sistema tradicional”, Rogério Barreto, Raimundo Castro, Manuel Delfim Pereira e José Oliveira

LOCALIZAÇÃO

AZENHA DAS PESQUEIRAS
GPS 41°38’23.8″N 8°40’35.4″W
www.google.pt/maps/place/41°38’23.8″N+8°40’35.4″W

Ponte das Pesqueiras, Carta Militar

Meios de transporte
O comboio é o meio de transporte mais aconselhável, dada a proximidade das estações de Durrães e Barroselas e a ambicionada minimização da pegada ecológica do festival.
A CP opera vários comboios na Linha do Minho com paragem em Durrães e da estação à Azenha das Pesqueiras são só 1300 metros. Horários e preços, aqui.

Ponte Seca, Durrães

O autocarro também é uma boa solução de transporte público, sendo que existem carreiras regulares da Avic entre Braga e Viana do Castelo. A paragem é em Carvoeiro, às portas da Rua Medieval que dá acesso directo ao festival. Os horários podem ser consultados aqui.

Estacionamento
O parque de estacionamento oficial do Soundville é gratuito e localiza-se no campo do Futebol Clube Lírio do Neiva, na Rua de Sub Vilar, em Durrães.


Apesar da região estar muito bem apetrechada de autoestradas e estradas nacionais, viajar de automóvel será sempre uma última opção. No contexto de um ecofestival como o Soundville, a partilha de boleias deverá ser sempre valorizada ao máximo.

“ECOMUSEU DAS PESQUEIRAS”, Raimundo Castro, visita guiada .pt

Guarda-rios ou Martim-pescador, Alcedo atthis

O Pato-real, a Galinha-d`água, o Guarda-rios ou a Alvéola-cinzenta são algumas espécies da fauna que se podem observar junto às margens do rio Neiva. A Galinhola e a Franga-de-água são mais raras, e a Garça-real ou o Corvo Marinho poderão ser avistados de passagem pelo local.
A Lontra-comum, Lutra lutra, é um dos principais habitantes deste ecossistema tão especial.

Lontra-comum, Lutra lutra, fotografia de Raimundo Castro

A floresta do “Ecomuseu das Pesqueiras” tem carvalhos, sobreiros, salgueiros, amieiros, freixos e castanheiros.
No que respeita à restante flora, convém destacar a Anémona-dos-bosques, uma espécie bastante comum nos carvalhais do Parque Nacional do Gerês mas pouco frequente no Vale do Neiva, e a Silva-macha ou Rosa canina que também é pouco comum nesta região.
O Feto-real é a espécie ripícola mais abundante nas margens do rio durante a primavera e verão, desaparecendo no inverno. Noutros tempos era utilizada para ornamentar festas populares e banquetes.
O Amieiro negro, também conhecido por Sangrinha, o Pilriteiro ou Espinheiro-alva, e o Selo-de-salomão são algumas das demais plantas identificadas no “Ecomuseu das Pesqueiras”.

Pilriteiro ou Espinheiro-alva, Crataegus monogyna Ja.

“RIO NEIVA – RODAS D’ÁGUA E AGRO-SISTEMA TRADICIONAL”, Rogério Barreto, Raimundo Castro, Manuel Delfim Pereira e José Oliveira, livro .pt

Rio Neiva, Junta de Freguesia de Barroselas, 2013

Esta obra é o resultado de um projecto de recolha e pesquisa centrado no rio Neiva e no seu vale iniciado em 1984. Aborda os mais variados aspectos geográficos, morfológicos, geológicos, hidrográficos, a flora e a fauna, e todos os sistemas hídricos.

Estão aqui todos os edifícios, desde a nascente à foz, onde estavam instalados os mais de trezentos engenhos, que eram movidos pelas águas do Neiva: moinhos, azenhas, lagares de azeite, engenhos de serração, tornearia, engenhos de linho, fulões, estanca rios, rodas de água e pesqueiras. De referir ainda que as primeiras páginas são dedicadas aos poetas que cantaram o Neiva, entre os quais Sá de Miranda.

Trata-se de uma obra seminal e uma edição de elevado valor patrimonial da iniciativa da União de Freguesias de Barroselas e Carvoeiro. O livro “Rio Neiva – Rodas d’água e agro-sistema tradicional” poderá ser adquirido na sede da junta pelo valor simbólico de 20 euros.
www.barroselas-carvoeiro.com

Rio Neiva – Rodas d’água e agro-sistema tradicional

O livro estará disponível durante o Soundville 2018 no espaço comercial de merchandising do evento. Será também patente uma exposição alusiva à relação da obra com a Azenha das Pesqueiras.